21 julho 2008

Lei Tupiniquim



A nova ‘Lei Seca’ aprovada pelo Governo e tão badalada pela mídia é um sério atentado contra a liberdade do indivíduo e um atestado de hipocrisia à ineficiência da segurança pública.


Entendo que a lógica dessa nova lei é tirânica e restringe a liberdade do indivíduo em nome de uma probabilidade de risco. A estúpida lógica utilitarista de os fins justificarem os meios, nesse caso, acaba por poder criminalizar equivocadamente um homem que há décadas janta com a família todo domingo, toma sua taça de vinho e consegue dirigir perfeitamente. A intolerância dessa lei sai demasiadamente caro à liberdade individual. E esse preço é pago em nome da ineficiência da segurança pública no país.

Se o objetivo é a diminuição dos acidentes por dirigir embriagado, então mudamos o código e instauramos a tolerância zero no teste do bafômetro! Vejam o diagnóstico das autoridades: a lei anterior – artigo 165 do Código de Trânsito – não era boa por causa do limite de álcool no sangue, e não porque a fiscalização era insuficiente.

Com efeito, é fácil comprar a idéia de que a nova lei resultou em queda dos acidentes de trânsito quando se têm praticamente um cerco armado fiscalizando as ruas. Houve um aumento significativo das blitz e fiscalização. Sim, e isso é bom. Mas a questão é: por que não havia essa fiscalização no exercício da lei anterior? Acredito que a queda do número de acidentes por embriaguez se deu até agora simplesmente em virtude de uma maior fiscalização, e não na redução radical do limite de álcool no sangue – que já era baixo na lei anterior. Em nome da ineficiência da segurança pública, tolhe-se a liberdade dos indivíduos de tomar seu chopzinho no fim da tarde e voltar pra casa de carro, de tomar sua taça de vinho num encontro romântico e levar de carro sua mulher para o motel...

É sempre a mesma lógica tupiniquim. O objetivo é diminuir a criminalidade? Vamos instaurar o toque de recolher! O objetivo é diminuir os assaltos a terminais bancários à noite? Fechamos os terminais às 22h! Quem sabe proibimos o futebol para reduzirmos radicalmente o número de faltas e cartões vermelhos...


#música: Marvada Pinga (Inezita Barroso)

7 comentários:

Vin�cius Sgarbe disse...

Hey. Vamos nos freqüentar mais. Coloquei um link para seu blog no meu site.

Emanuel Menim disse...

Uma boa ótica, meu caro! Boa mesmo! Apesar disso, os "números" gritam!
Lei tupiniquin, prum povo tupiniquin! Que tal?

Abraço!

Emanuel Menim disse...

Novo endereço, caro James.

www.modernidade-liquida.blogspot.com

abraço.

Emanuel Menim disse...

Agora é o endereço definitivo. Há tempos estava querendo sair do bogspot pra poder usar outros recursos que aqui não podia. Por isso agora estou no www.menim.com.br
Comecei a escrever um conto que está virando um romance. É o tal de "Borboletas de Donana". Se tiver uns minutos extras, dá uma espiada lá.

Abraço.
Se nos vermos na faculdade quero reclamar com você sobre o curta. rsrs

Até mais.

A.C. disse...

calma, logo uma blitz pega um filho de político, sem querer - é claro...não vai durar muito tempo...

Unknown disse...

Muito bom mesmo. Ideias como essa deveriam ter espaco na nossa midia...pra variar, tentam nos mostrar apenas um lado da moeda nesse país... e os mais ignorantes tendem a aceitar e defende-las entusiasticamente!

Otávio disse...

grande inezita! miaço pra frente e caio pra trás! essa lógica dos fins justificarem os meios é mesmo maquiavélica no mau sentido do termo, e já ouvi até um papo q proibir o álcool nos estádios reduziria a violência, é claro, as torcidas organizadas só quebram tudo pq decerto encheram a cara!