26 março 2009

Março

Dica do navegador Edy Gianez


Ninguém mais lembra que Março é o mês das mulheres. Mas como o mês ainda não acabou, então ainda há tempo para homenagens. Segue a bela animação The Chestnut Tree (A Castanheira), da sul-coreana Hyun Ming Lee. Animação em 2D que consegue tirar da simplicidade, a beleza.

10 março 2009

Novidade


O Blog do C.J. agora conta com a sábia colaboração do nosso amigo Edy Gianez. Acredito que com essa parceria as postagens por aqui sejam mais freqüentes. É isso ai..

A Dádiva

por Edy Gianez

. Louis Armstrong (1901-1971) talvez seja a maior unanimidade entre músicos, críticos e apreciadores do Jazz. Não fora somente a vitalidade, a força e os sons rebolados que emergiam de seu trompete - como que despertados de um sono profundo e prontos para atacarem os ouvidos mais duros -, mas fora também o fato de que aquele trompete soava como uma trombeta angelical que levou Louis ao posto de “Embaixador do Jazz”.

. No extraordinário e fundamental documentário realizado por Ken Burns sobre a história do jazz (Jazz: um filme de Ken Burns, 2002), vemos Louis ser considerado como uma dádiva, um ser inflado por uma força maior e preparado para despertar a alegria nos homens de ouvidos secos e corações mudos. Basta olharmos para ele e veremos uma marca do divino em seu sorriso. Sorriso, esse, que só encontramos entre umas bochechas inchadas e outras, quando cessam os sons vulcânicos expelidos daquele trompete (como na música Indiana, ou no fraseado que antecede o solo de piano em After you’ve gone). O mesmo vale dizer para o seu canto. Como nos diz o “escritor bebopJúlio Cortazar, em um texto reunido na coletânea Volta ao dia em 80 mundos: “quando Louis canta a ordem estabelecida das coisas pára, não por alguma razão explicável mas somente porque tem que parar enquanto Louis canta”.


. Mas é quando olhamos para a capa do álbum “Ella and Louis” (Verve,1957) que percebemos que esse poder de Louis se esconde numa ingenuidade que com certeza é maior do que as calças que ele vestia na ocasião. É essa ingenuidade dadivosa que, casada com a delicadeza macia de Ella Fitzgerald, e conduzida em berço esplêndido por Oscar Peterson (piano), Herb Ellis (guitarra), Ray Brown (baixo) e Buddy Rich (bateria) (!), que faz desse disco não só um deleite para qualquer ser vivo, mas a prova viva da genialidade espontânea de Louis.

. Na verdade, você, leitor, pode fazer um grande favor para si mesmo comprando essa jóia musical, acendendo uma vela para o Anjo Armstrong e pedindo que aquela alegria sonora que ele tirava de seu trompete venha invadir nossos dias. Então, você ira cantar:

Heaven... I'm in heaven, And my heart beats so that I can hardly speak.

And I seem to find the happiness I seek,

When we're out together dancing cheek to cheek.


#música: Cheek to Cheek (Ella & Louis)