08 fevereiro 2009

20 Anos Sem Roy Eldridge



Em seu grande e lúcido livro A História do Jazz, Barry Ulanov (reconhecido crítico do gênero e um dos editores da revista Metronome) define três grandes nomes que deram forma ao trompete do jazz: Louis Armstrong, Roy Eldridge e Dizzy Gillespie. Certamente essa lista aumentaria hoje, uma vez que o livro de Ulanov é de 1952 e, portanto, nomes como Miles Davis, Frediee Hubbard, Clifford Brown e Wynton Marsalis (os quais eu agregaria à lista) ainda não existiam.

De todo modo, na tríade do trompete de Ulanov o nome de Roy Eldridge chama atenção. A contribuição de Roy é significativa como um dos momentos de transição do instrumento – e porque não do próprio jazz. Ulanov considera que Roy marca a transição entre New Orleans e o Bop, libertando o trompete da ‘escravidão do blues e das servidões tonais’ e expandindo ‘a importância, a cor e a agilidade’ do instrumento (o crítico chega a afirmar que sem Roy, Dizzy não poderia ter existido). Isso poderia ser traduzido como o fato de que Roy teria filtrado a herança Louis e influenciado diretamente nomes como Dizzy, Miles e Hubbard.

Contudo, o mais instigante é ouvir hoje Roy Eldridge. Ainda não é o Bop propriamente dito, mas deixou de ser o fraseado turbulento do swing ou de um Dixieland (uma definição tão precisa quanto conceituar o jazz). Em pleno vigor, Roy consegue ministrar velocidade, intensidade, sonoridade, tudo sob o horizonte de um feeling profundo, em chorus que lembram realmente o velho Louis.



Roy Eldridge nasceu em janeiro de 1911, em Pittsburg. Inicialmente dedicou-se a bateria e depois ao trompete. Na década de 30 integrou orquestras de Teddy Hill, Charlie Johnson, Fletcher Henderson. Nos anos 40 atinge realmente o reconhecimento integrando as orquestras de Gene Krupa e Benny Goodman (com a qual excursionou pela Europa). De volta aos EUA, nos anos 50, entra em batalhas com Dizzy Gillespie, no famoso ‘Birdland’ de Nova York e dedica-se a colaborações com grupos em festivais. Durante os anos 70 trabalha em diversas gravações para Verve Records, entre outros trabalhos com seu próprio conjunto. Em 1980 Roy sofre um derrame, mas não perde sua musicalidade. Dedica-se como pianista e cantor até 26 de fevereiro de 1989, quando falece em Nova York.


#música: Me and You (Roy Eldridge)