26 agosto 2009

A Beleza é Efêmera

Segue a bela dica do nosso amigo Edy G. A animação 'Let Yourself Feel ', de Esteban Diácono, sob música de Olafur Arnalds, um daqueles compositores que mostra como é possível fazer muito com pouco.

let yourself feel. from Esteban Diácono on Vimeo.

06 agosto 2009

Três Filmes e o Jazz



"Espero, lady Francis, que vivamos o suficiente para ver uma avenida batizada com o nome de Charlie Parker. Parque Lester Young. Praça Duke Ellington. E até uma rua chamada Dale Turner."
(Dale Turner à Francis, em Round' Midnight)


Dizia o pensador que tudo o quê fosse humano lhe interessava. Digo que tudo o que é jazz me interessa, porque além de humano, é jazz. E nada mais humano que assistir um bom filme...sobre jazz.

Não são muitos os filmes sobre
jazz que até hoje chegaram a nós. Mas há três preciosas películas que nos fazem esquecer a escassez. O primeiro é The Cotton Club (1984), do diretor Francis Ford Coppola. Tendo como pano de fundo um dos mais famosos clubes noturnos e lendário templo do jazz da Nova York dos anos 20 e 30, situado no Harlem, que em plena lei seca servia champgne e whisky sem problema algum, o filme conta a história da amante (vivida por Diane Lane) de um gângster, o temido Donlad Schultz (James Remar), que se envolve com o trompetista Dixie Dwyer (Richard Gere). Essa superprodução recriou a atmosfera conturbada dos anos 20 nos EUA, onde viviam gângsters, empresários, músicos, dançarinas, em meio a grandes espetáculos.. Destaque para os sensacionais números de sapateado de Gregory Hines e para o 'mestre de cerimônias' do Cotton Club, interpretado por ninguém menos que mr. Tom Waits. Ainda que a informação oficial seja que foi o próprio Richard Gere quem interpretou seus números ao trompete, sua atuação não parece muito convincente. Pelo menos não tanto quanto a de Dexter Gordon, em Round' Midnight.




Round' Midnight (
1986 - no Brasil, Por Volta da Meia-Noite) é um imprescindível filme. Depois de Bird, de Clint Westwood, certamente é uma das mais belas homenagens ao jazz. Inspirando-se na vida Lester Young e Bud Powell, o diretor Bertrand Tavernier ilustra a vida de músicos americanos que se auto-exilaram, entre 40 e 60, na França. A história se passa em Paris, 1959 (opa, alguém disse 1959?) e conta a paixão de François Cluzet, desenhista parisiense, pela melodia do sax tenor de Dale Turner, interpretado por Dexter Gordon (saxofonista de primeira linha que trabalhou com Louis Armstrong, Lionel Hampton, Gillespie, entre outros). François sacrifica sua vida pessoal para tentar salvar Dale Turner, afundado no álcool. Nessa dramática e apaixonante tentativa de um fã procurando salvar a auto-destrutiva vida seu ídolo, Tavenier mostra a vida de muitos dos grandes músicos que foram levados à lama pelas drogas e pelo álcool - válvulas de escape para homens que só viam significado para a vida na música que faziam nos palcos. Destaque para a primorosa atuação de Dexter Gordon, que lhe valeu indicação ao Oscar, e para magnífica e premiada trilha sonora de Herbie Hancock.




Mas nem todo jazzman foi drogado ou alcoólatra. Ao menos é o que o diretor Spike Lee mostra em Mo' Better Blues (
1990, Mais e Melhores Blues), ao procurar criar uma atmosfera oposta, por exemplo, a de Round Midnight, fugindo da idéia de álcool, drogas e arrependimentos. O filme tem pretensões ficcionais, mas também ilustra um ponto comum a esses grandes músicos: a música acima de tudo. Mas dessa vez, sob um olhar do profissionalismo dos músicos. O filme conta a história de Bleek Gilliam (Denzel Washington), um homem dedicado ao trompete desde a infância, seu altos e baixos, a rivalidade com o sax tenor de sua banda, Shadow Henderson (interpretado pelo caçador de vampiros, Wesley Snipes), a antiga amizade com seu produtor que tem problemas com vício em jogos, etc. É um requintado filme e merecem destaques os números interpretados por Denzel ao trompete.



Enfim, três bons filmes que merecem serem assistidos e uma só música.
Jazz.