29 setembro 2007

À sombra das chuteiras imortais



Em tempos de tantas críticas à incompetência da arbitragem no futebol brasileiro, não percamos as esperanças. O juíz gatuno pode vir a ser o nosso autêntico autor trágico brasileiro! E nestes tempos arbitrários nebulosos, convém lembrar do Nelson, o Rodrigues:

"Sempre digo, nas minhas crônicas, que a arbitragem normal e honesta confere às partidas um tédio profundo, uma mediocridade irremediável. Só o juiz gatuno, o juiz larápio dá ao futebol uma dimensão nova e, se me permitem, shakespeariana. O espetáculo deixa de se resolver em termos especificamente técnicos, táticos e esportivos. Passa a ter uma grandeza específica e terrível. Eis a verdade: – o juiz ladrão revolve, no time prejudicado e respectiva torcida, esse fundo de crueldade, de insânia, de ódio que existe, adormecido, no mais íntegro dos seres. O mínimo que nos ocorre é beber-lhe o sangue."
(trecho da coluna À sombra das chuteiras imortais)



#música: Ponta de lança africano(umbabarauma) (Jorge Ben)

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