21 agosto 2007

Tango y Pintura


Manhã fria em Buenos Aires. A garoa era fina como a linha que pendia as fotos do artista na entrada do Caminito. O carro velho e vermelho dos bombeiros voluntários, estacionado na frente da galeria de costura. Comprei um café numa lancheria e andei. Logo na esquina da Magallanes, o chapéu fungui branco de um senhor me dava bom-dia. Conversamos algo sobre o tempo, sobre lugares que eu havia conhecido e que, coincidentemente, ele, o artista, tinha shows marcados em Porto Alegre. Empaticamente, ele me convida a conhecer seu atêlie e algumas obras recentes.

Magallanes, 859. Conheci Guillermo Alio de ótimo humor. Quando cruzamos a curta travessa onde fica seu ateliê, logo me veio a lembrança que não tenho das vidas das rameiras e dos cafetões que inventaram o tango; do nu simbólico da comunicação da dança; e dos sulcos de desejo que afloram da pele dos dançarinos. Comentei algo disso com Guillermo. E don Guillermo falou como quem falava de sua maior e grande paixão: - 'Si mi caro... el tango es comunicación.. La piel de la parcera no se acosta solemente en su cuerpo... pero se amolda al lo prólogo de un deseo que hay de venir...'

Somente quando deixei el Caminito é que realmente fui entender o quê Mario Benedetti versa sobre o tango em A Borra do Café.

#música: Libertango (Astor Piazzolla)

(prometo escrever algo sobre don Guillermo e su arte.)

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse Guillermo Alio esteve em São Paulo há um tempo atrás, em um workshop de tango.. foi lindo!

Ah, e dançar tango com você é um perigo...
rs