29 setembro 2007

À sombra das chuteiras imortais



Em tempos de tantas críticas à incompetência da arbitragem no futebol brasileiro, não percamos as esperanças. O juíz gatuno pode vir a ser o nosso autêntico autor trágico brasileiro! E nestes tempos arbitrários nebulosos, convém lembrar do Nelson, o Rodrigues:

"Sempre digo, nas minhas crônicas, que a arbitragem normal e honesta confere às partidas um tédio profundo, uma mediocridade irremediável. Só o juiz gatuno, o juiz larápio dá ao futebol uma dimensão nova e, se me permitem, shakespeariana. O espetáculo deixa de se resolver em termos especificamente técnicos, táticos e esportivos. Passa a ter uma grandeza específica e terrível. Eis a verdade: – o juiz ladrão revolve, no time prejudicado e respectiva torcida, esse fundo de crueldade, de insânia, de ódio que existe, adormecido, no mais íntegro dos seres. O mínimo que nos ocorre é beber-lhe o sangue."
(trecho da coluna À sombra das chuteiras imortais)



#música: Ponta de lança africano(umbabarauma) (Jorge Ben)

24 setembro 2007

Momento



'O homem parou, cheio de dedos, para procurar os fósforos nos bolsos. A insidiosa frescura do mar lhe mandou um pensamento suicida. E veio um riso límpido e irresistível - em i, em a, em o - do fundo de um pátio de infância. Um riso... Senão quando o homem achou os fósforos e a vida recomeçou. Apressada, implacável, urgente. A vida é cheia de pacotes...'
(Mario Quintana- Sapato Florido)


#música: Jitterbug Boy (Tom. o Waits)

02 setembro 2007

Tom. o Waits.



Segue AQUI o link do clássico texto "A metafísica de botequim de Tom Waits", de Martim Vasquez.


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(...) Se, para um Aristóteles todo homem busca conhecer e, para um Santo Tomás, todo homem deve unir a razão e a fé, para Tom Waits, todo homem fica feliz com um copo de bourbon, uma mulher com cabelos oxigenados e uma lata de feijões nos momentos em que a solidão bate fundo(...)'

#música: The Piano Has Been Drinkin (T. Waits)